sexta-feira, 6 de março de 2009

Corações que se Assemelham

Barbara B. Smith
Presidente Geral da Sociedade de Socorro
A Liahona de Julho de 1982


"Podemos ser mulheres eleitas, dignas e santas. Mesmo havendo muitas diferenças entre nós somos mulheres de Deus."


Em um fim de semana de novembro passado, Heidi, uma jovem mãe SUD aqui em Lago Salgado, deixou seu lar numa manha acinzentada e dirigiu-se ao Pioneer State Park, Lá chegando, entrou na casa, restaurada, de Mary Fielding Smith, viúva de Hyrum Smith.
Heidi usava um vestido à moda pioneira, certamente parecido com os que Mary vestira e durante o dia inteiro recepcionou as crianças de uma escola próxima, ensinou-lhes como preservar e secar maças, depois que as crianças partiram, o sol apareceu por entre as nuvens, iluminando não somente o céu vespertino, mas também fazendo Heidi refletir sobre os acontecimentos do dia. Naquela noite, escreveu em seu diário: “Fui completamente dominada pela excepcional beleza que podia ver naquela casinha de barro na montanha... Foi difícil controlar meus sentimentos, quando a luz brilhou através do vidro tortuoso da janela chegando ate a minha alma, trazendo-me uma sensação ao mesmo tempo cálida e radiante!”
Ela falou-nos sobre o contraste entre aquela casa escassamente mobiliada e seu próprio lar, adorável, em outra montanha não muito longe dali. Escreveu: “espero que meu lar seja um local de força, fé e refugio para minha familia, um lugar onde a verdade seja confirmada e o testemunho fortalecido, tal como o foi o doce lar de Mary para os seus, tanto tempo atrás.” E continua: “Apesar de nosso modo de viver ser tão diferente, impressionou-me a semelhança dos corações. Minha alma deseja fazer com que essas semelhanças sejam importantes para minha familia como o foram para a dela.”
As circunstancias que envolveram a vida de Mary Fielding Smith foram muito diferentes das de Heidi.
Na época conturbada do êxodo dos santos e Nauvoo, a Irma Smith era viúva, com a responsabilidade de criar filhos ainda pequenos. Permanecer em Nauvoo a colocaria em posição de constante conflito com os dissidentes e o populacho. Ir poderia significar deixar sua casa por vender e, sozinha, assumir os sofrimentos e desafios desconhecida de uma longa e cansativa viagem de carroça conduzida por junta de bois.
Ficar significaria desistir da associação com os santos e com o evangelho que amava. Isto era simplesmente impossível.
Desejava que seus filhos crescessem fortes no novo e sempiterno convenio.
Os vínculos do evangelho que induziram Mary F. Smith a suportar grandes aflições e viajar para o Oeste com os santos ultrapassam tempo e dificuldades e unem as irmãs de hoje com as de outrora em uma verdadeira unidade de Fé.
Recebemos noticias de uma Irma na America do Sul, que, desafiada pelos missionários a batizar-se, replicou: “Vocês não me querem. Eu não sou ninguém.” Os rapazes persistiram, porem, ela acabou aceitando o evangelho e isto trouxe amor e esperança a sua vida; trouxe aprendizado, crescimento e progresso. Depois de pouco tempo, ela foi chamada como Presidente da Sociedade de Socorro e, através de sua devoção, deu deste mesmo amor e esperança a outros.
Ioshiko, uma de nossas queridas irmãs do Japão escreveu:
“No fundo de meu ser eu tinha um sentimento, uma esperança que havia em algum lugar uma igreja verdadeira que testificasse da ressurreição de Jesus Cristo... o Senhor me respondeu... os missionários me visitaram e eu soube da existência de O Livro de Mórmon...
Nestes ensinamentos encontrei a verdade que procurava... Meu coração tem afinidade com o evangelho, assim como as areias do deserto com a água.”
Da África, onde em 1978 foi fundada a primeira Sociedade de Socorro, composta, só de mulheres negras, veio esta mensagem:
“Aprendi a encarar a vida de uma forma diferente. Como uma mãe jovem, aprendi a educar meus filhos no cristianismo e a fazer de meu lar um local agradável, onde todos crêem no evangelho e o vivem.
Muitos exemplos nos vêm de mulheres de vários lugares e das mais diversas condições de vida – sozinhas, com crianças, idosas, jovens, membros novos, aflitas, desesperadas, felizes.
Elas formam um mosaico de muitas vidas diferentes, talentos individuais e dons surpreendentemente variados. Os pormenores são tão numerosos, que começamos a reconhecer neles a grande diversidade existente entre nos e a grande força e enriquecimento decorrentes disso.
De todas essas experiências, surge uma verdade unificadora que afirma: “sei que Deus vive e me ama. Seus ensinamentos me fortalecem e sustem minha alma.”
Este testemunho nos dá um coração tão semelhante, que Paulo chega a dizer:
“Assim nós que somos muitos somos um... em Cristo.” ( Romanos 12:5)
Sendo muitas... com dons diferentes, temos, contudo, corações tão parecidos, que testificam do Senhor Jesus Cristo...que seus ensinamentos são verdadeiros...que seu estilo de vida é de verdade, amor e luz.
Um exame da vida individual daqueles que seriam seus discípulos testifica que nada no evangelho se destina a causar conflito entre “razão” e verdade, como observou Elisa R. Snow.
O evangelho corretamente compreendido, abrange tudo que é virtuoso, amável e louvável (ver 13 regra de fé).
É mandado dos céus por Deus é a luz pela qual encontramos o caminho na escuridão e em tempos difíceis. A luz da verdade revela nossa natureza eterna. Se trabalharmos diligentemente e bastante, orarmos com fervor, a excelência, que é nosso potencial divino, estará ao alcance de cada uma de nos.
A singularidade de cada ser humano é própria da criação de Deus, mesmo que algumas vezes nos surpreendamos com as diferenças. Uma irmãzinha do Oriente veio aos EUA e pela primeira vez na vida, viu pessoas louras e de olhos azuis. Aqueles olhos claros eram tão raros para ela, como mais tarde revelou, que embora hoje os ache lindos, a principio duvidava de que as pessoas pudessem enxergar com eles.
Cor, cultura, talentos, gostos; as diversidades são muitas e deles provem muito da abundancia e beleza que temos na vida. A Irma oriental pareceu estranha a cor dos olhos; mas para todas nos há diferenças que podemos aprender e apreciar melhor. Aprendendo a valorizar essa diversidade nos outros, vemos e apreciamos mais claramente nossa própria singularidade.
Ao respeitas não somente as diferenças de nossos irmãos, mas também suas realizações, começamos a experimentar a felicidade que o Senhor pretende que sintamos. Há muito mais alegria quando nos regozijamos com o sucesso alheio e não apenas com o nosso.
Ficar feliz com a realização de irmãos, irmãs e amigos requer confiança em sim mesma e reconhecimento do próprio potencial. O evangelho coloca essa convicção ao alcance de qualquer pessoa. Quando estamos cheios de amor ao Senhor, com todo nosso coração, alma e mente, o resultado é podermos sentir, compreender e estar seguras de seu amor. Guardaremos seus mandamentos. Amaremos nosso próximo como a nos mesmas. Ele planejou que assim fosse conosco: estarmos unidas em amor e fé com corações semelhantes.
Como podemos tornar-nos unas em coração?
1) Reconhecendo que somos filhas de Deus
2) Sabendo e testificando que ele vive e que sua grande missão é possibilitar-nos não apenas a salvação mas também exaltação.
3) Trabalhando diligentemente – passo a passo – em nosso aperfeiçoamento
4) Orando freqüentemente por orientação pessoal e um coração amoroso, compreensivo e atento as necessidades do próximo
5) Procurando auxilio divino para viver os ensinamentos do evangelho e não julgar. Não podemos andar na trilha que pertence a outro. Não sabemos quais são os seus desafios, portanto, não podemos julgá-los
6) Vivendo com otimismo e dando tudo o que temos a obra do senhor. Compartilhar a verdade do evangelho com outras pessoas é um dos maiores dons que podemos dar
7) Obtendo conhecimento e capacidade de nos engajar ativamente nas boas coisas que farão do mundo um lugar melhor por termos vivido nele
8) Pagando o preço da excelência em tudo o que empreendermos.
9) Aceitando com disposição o conceito de altruísmo – e transformando-o em ação.
Estas são as coisas que aproximarão nossos corações à medida que assumimos a responsabilidade por nossa própria vida, sejam quais forem às circunstâncias.
Esses princípios podem ser aceitos e vividos por todas – pobres e ricas, solteiras e casadas, adolescentes e avos.
Não há exceções ou especificações de aparência física, estado civil, oportunidades ou responsabilidades.
Não há limitações arbitrarias.
O Senhor realmente se preocupa com o amor em nosso coração e em nossa alma; com a diligencia com que buscamos sabedoria. Deseja que amemos e nos importemos como ele se importa. Quer que sejamos retas como ele é. Pretende que desenvolvamos em nos os atributos divinos.
Podemos ser mulheres eleitas, bondosas e santas. E mesmo havendo muitas diferenças entre nós, somos mulheres de Deus, unidas em uma irmandade de fé e testemunho. Assim com Heide, podemos orar por força, fé e capacidade de transformar nosso lar em refugio onde a luz dos céus, como os raios dourados daquele dia cinzento de novembro, iluminara nossa vida, não importa onde estejamos. Assim nós, que somos muitas, sejamos uma em cristo com corações semelhantes, é minha oração em nome de Jesus Cristo, nosso exemplo e redentor, Amém

Um comentário:

Marcia Cecconello Lange disse...
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